Por Raissa Dantas
O segundo dia de XXV CONSINTET-UFU iniciou com mesa debate sobre “a carreira dos TAE’s frente aos ataques do governo”, com contribuições de Mário Guimarães Júnior, representando a Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Universidades Brasileiras (FASUBRA Sindical) e João Rocha, representando o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE). Celeste Silva, coordenadora geral do SINTET-UFU, conduziu os trabalhos da mesa.
O convidado do SINASEFE, João Rocha, iniciou sua explanação parabenizando o SINTET-UFU pela greve com esforço e dedicação, pelo exemplo de luta frente a conjuntura nacional. Ele provocou todas e todos TAE’s presentes sobre quem são e qual o papel da categoria, dada à necessidade de construção de uma identidade coletiva. João frisou que “precisamos aprimorar nossos hábitos de discussão coletiva pra que fortaleçamos nossa identidade enquanto profissionais da educação”. Além disso, foi apresentada a qualificada carreira que TAE’s conquistaram e que, em sua avaliação, precisa ir de encontro a luta por um salário base mais atrativo.
Rocha expos alguns elementos que são distintos entre TAE’s dos Institutos Federais de Ensino Tecnológico (IFET’s), mas reforça que a lógica com que o próprio governo busca ofertar e negociar direitos com trabalhadoras e trabalhadores de diversas origens é uma lógica excludente e separatista, mas que todas e todos TAE’s devem centrar esforços no entendimento coletivo de categoria e trabalho. O convidado fez apontamentos importantes relembrando grandes vitórias da greve de 2012 e ressaltou a vitória de TAE’s de todos os níveis que hoje podem receber inventivo a qualificação, além de TAE’s poderem ocupar cargos de gestão de diretoria, e conclui que “isso tem a ver com a democratização das instituições de ensino para que nossa sociedade perceba a importância do técnico administrativo”.
A mesa seguiu com intervenção de Mário Júnior, que deu início dialogando com o convidado que o antecedeu e enaltecendo que o assunto sobre a carreira de TAE’s é necessariamente um debate que passa pela disputa de poder dentro da universidade, que tem interlocução na luta pela democratização da universidade e, ainda, é sobre a valorização da carreira. Mário relembra que a partir de 2005, fruto de décadas de luta, o Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE) foi conquistado e, a partir de então TAE’s, além de gerir, passam a ser responsáveis também por ensino, pesquisa e extensão. Ele reitera que “isso não é pouca coisa, porque isso nos coloca tecnicamente e politicamente em outro patamar para disputar o poder político da universidade, por isso falar sobre carreira é falar sobre democratização da universidade”.
Mário Júnior contextualiza que na FASUBRA Sindical existe um entendimento coletivo de que a conjuntura não permite o debate com o governo sobre aperfeiçoamento da carreira, uma vez que o governo golpista de Michel Temer se propõe a desmontar a categoria de TAE’s com intencionalidade de plena terceirização em todo o sistema educacional. Além disso, Júnior expõe que existe uma compreensão da direção da FASUBRA de que o governo ambiciona acabar com o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) e que em 2018 haverá greve porque o projeto do Carreirão ameaça a técnicas e técnicos educadores e que, caso a categoria seja derrotada por esse projeto, isso se apresenta como uma demanda por grandes esforços em defesa da carreira dos TAE’s.
O coordenador geral do SINTET-UFU e diretor da FASUBRA Sindical destaca que no próximo ano completaremos 100 anos da Reforma Universitária de Córdoba, que apontava para paridade entre todos nas instâncias da administração superior e que, fazendo a ponte com a atualidade, uma vez que nos encontramos em uma universidade pública e que é preciso refletir de forma crítica qual critério científico ou minimamente razoável é dado para que até hoje não haja paridade dentro das instâncias da UFU. Mário afirma que “nós do SINTET-UFU estamos pensando ações para qualificar esse debate e é muito importante que as companheiras e companheiros pensem ações sobre dar visibilidade ao TAE” e apresenta iniciativas que o sindicato tem adotado nesse sentido, como o fortalecimento do grupo de trabalho sobre educação, a construção de projetos de extensão únicos para todas e todos TAE’s, a estreia da Revista Antítese Científica que foi pensada e está sendo construída para ressaltar à universidade que a categoria produz saberes.
Em sua conclusão, Mário Júnior apresentou três elementos importantes, o primeiro de que a lei que cria os IFET’s estabelece que conselhos superiores sejam compostos de maneira paritária, contrapondo a falácia da justificativa sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Federal. O segundo ponto apresentado foi sobre a necessidade de avançar no debate universitário sobre a composição de conselhos superiores por aposentados e aposentaras e, ainda, como terceiro elemento, propõe que a comemoração dos 100 anos da Revolução Russa nos sirva de elemento balizador sobre avanços e imobilismo no aspecto educacional soviético que, em sua avaliação, não conseguiu avançar na superação e disjunção entre saber e fazer.
Diversas intervenções foram realizadas e delegados e delegadas puderam elevar as reflexões sobre a carreira de TAE’s. A mesa findou dando tom da necessidade da democratização completa nas instâncias da educação e que é preciso que educadoras e educadores que sejam técnicos fortaleçam a luta em defesa da carreira.
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