PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 13 de setembro de 2023
(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre Setembro Amarelo. Sintonize suas lutas.
O mês de setembro marca o calendário anual brasileiro como o mês de prevenção ao suicídio. Associado a isso, observamos um destaque nas campanhas mercadológicas de conscientização sobre a saúde mental. Mas numa sociedade onde as pressões econômicas frequentemente se sobrepõem ao bem-estar humano, quais são os limites e contradições desse assunto?
Pra falar sobre isso, convidamos Nicole de Freitas Firkowski, que é psicóloga formada pela UFPR, e que atua na área clínica da política de Assistência Social no município de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Seja bem-vinda, Nicole.
ERRATA: Nicole de Freitas Firkowski é psicóloga formada pela UFPR, atua na política de Assistência Social em Gravataí-RS e na área clínica. Na narração do programa, a convidada foi apresentada de maneira errada.
(Nicole) Gente está agora em setembro e o tema do suicídio do Setembro Amarelo aparecem com muito destaque nas instituições, nas empresas, né? Como algo a ser conversado e a ser dito e é importante pra gente tirar o tema do suicídio de questões de adoecimento mental de um aspecto eh não dito, não conversado, né? Dum dum tema considerado tabu, né? Então é importante a gente pensar no suicídio, porque é sim uma questão grave, expressa um um sofrimento muito profundo e que é produzido por diversos aspectos, né? A gente precisa entender a saúde mental eh assim como aspectos de saúde determinados socialmente. Né? A gente entende que o a saúde mental ela está fundamentalmente relacionada às condições de vida e de trabalho. Eh então o suicídio ele é um fenômeno histórico, social e culturalmente determinado. Né? Tanto que a gente vê que em diferentes culturas esse fenômeno é entendido de diferentes formas. Né tem sim aspectos individuais de ordem psíquica e subjetiva pode conter aspectos biológicos e orgânicos mas ele é fundamentalmente determinado eh pela objetividade da nossa vida né? Pela sociedade em que a gente vive. A gente percebe que tem um aumento dos índices de suicídio no Brasil em vários do mundo, né? No Brasil a gente tem um aumento de quarenta e três por cento de dois mil e dez a dois mil e dezenove, então expressa uma questão que é muito importante. Mas a questão eh da campanha em que é dito eh de muitas formas, né? Intensamente sobre a questão do suicídio, sobre a necessidade de acolhi né? Eh de que a gente saiba como eh estar atento a sinais e aspectos relacionados ao sofrimento mental eh acabam ficando limitadas a esse período e quando a gente vai falar de saúde mental a gente tem que pensar numa totalidade em algo que é muito mais complexo então diversas instituições e empresas Falam disso com muita intensidade durante esse esse mês mas se eximem do que fundamentalmente determina eh o adoecimento mental que muitas vezes é o próprio trabalho. Né? Eh então se uma empresa, uma instituição faz uma linda campanha de do setembro amarelo mas continua né? Reverberando internamente. Questões de assédio moral, de assédio sexual, se evine em casos de racismo, de machismo, de violência contra a população LGBTQIA mais. Eh um setor de trabalho em que não tem condições dignas que o salário não é suficiente pro sustento de uma família e que há sobrecarga de trabalho, desvalorização do trabalhador, tudo isso impacta muito diretamente em questões de saúde mental. Além eh do trabalho em si, a gente tem que pensar na totalidade de vida do indivíduo que está em sofrimento de toda a população trabalhadora no Brasil. Eh a gente vem vivendo eh monte muito importante de políticas públicas nos últimos anos. Né? O desmonte também da rede de atenção psicossocial que está voltada a atenção eh a questões de saúde mental mais grave. Uma diminuição do orçamento do assistente social. Eh precarização dos serviços públicos das federais. Então é um conjunto de fatores que determina a saúde. Eh as condições de saúde da população. A gente constantemente é levado a entender que questões de saúde são individuais. A gente precisa pensar de uma forma mais coletiva né? Eh uma campanha ela não é suficiente se a empresa ou instituição continua de adoecimento no cotidiano. Né? Eh essas práticas acabam individualizando e culpabilizando os trabalhadores que adoecem e que podem cometer suicídio. Então é necessário que a gente exija condições de trabalho, um salário digno pra imunização de uma família, respeito as particularidades de cada sujeito. Respeita individualidades e isso a gente consegue coletivamente, né? A gente consegue exigindo direitos coletivamente e não apenas uma atenção em um momento do ano e depois uma desrespensabilização por parte da instituição. Então o convite é a gente pensar questão de saúde mental e a questão de saúde de uma geral de uma forma mais coletiva, né? Indo na contramão do que é colocado pra nós, que é uma questão individual, de fraqueza, biológica, né? Eh entender isso de um aspecto mais geral, né? Mais coletivo, eh e que exige uma coletiva pra alterar esse cenário.
(Raissa) Nicole, muito obrigada pela participação. Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!
Ver essa foto no Instagram
Comments