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Operação Policial no Rio de Janeiro | 05 de novembro de 2025 | Fala SINTET-UFU


PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 05 de novembro de 2025


FALA SINTET-UFU – Operação Policial no Rio de Janeiro


(Osmam) Olá, companheiras e companheiros, aqui é o Osmam Martins, e neste Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre os fatos recentes que aconteceram no Rio de Janeiro, que evidenciam que a necropolítica se consolidou como política oficial no estado carioca. Nosso convidado da semana é Roberto Camargos, doutor em história, docente substituto do Instituto de História da UFU e professor da rede básica municipal. Sintonize suas lutas!


(Roberto) Olá a todes, todas e todos. É uma satisfação muito grande falar com a comunidade da UFU e com as servidoras e servidores por meio do Fala SINTET-UFU. Sem dúvidas, os acontecimentos recentes nos complexos da Penha e do Alemão evidenciam uma espécie de necropolítica brasileira. Assim que os relatos profundamente perturbadores começaram a aparecer, esse foi um dos primeiros conceitos. Os conceitos mobilizados que apareceram aí nas redes sociais e não foi por acaso porque os relatos davam conta de pessoas que foram executadas com tiros na nuca, de ao menos um corpo que foi encontrado decapitado e de outros sinais claros de uma violência que não deveria ser praticada pelo Estado.


(Roberto) E quando o Estado opera dessa maneira não estamos diante apenas de violência mas de um projeto de morte de um sistema que decide quem pode viver e quem pode morrer. E aí vale lembrar um contraste que me parece importante. Há poucos meses a Polícia Federal realizou uma das maiores investigações quanto crime organizado da história recente do país. Sem disparar um tiro mapeou e bloqueou um esquema gigantesco que do tráfico de drogas e roubo de carros até a circulação de dinheiro em grandes instituições financeiras. 


(Roberto) Fintechs, fundos de investimento e etc. E é também recente uma operação que prendeu um grande número de armas, talvez a maior apreensão de armas irregulares na história do país. E isso aconteceu em um condomínio de luxo, sem nenhum tiro, sem nenhuma morte. Ou seja, quando há um interesse político, recursos, inteligência e foco, é possível combater as estruturas criminosas sem transformar territórios inteiros em campo de extermínio. E não foi o que vimos no Alemão e na Penha. A operação perpetrada pelo governo do Rio chegou com cerca de 100 mandatos de prisão e saiu deixando para trás mais de 120 mortos, um número, por exemplo, superior ao de armas encontradas. 


(Roberto) E ao que tudo indica, a maior parte desses corpos. Mortos nem sequer estava na lista de procurados e mesmo assim os responsáveis preferiram destacar o número de fuzis encontrados como se isso legitimasse né toda a brutalidade que aconteceu ali o governador do estado chegou a declarar em coletiva de imprensa que as únicas vítimas né da operação foram os quatro policiais que foram baleados e mortos durante a operação.


(Roberto) a Fernanda Macedo fez uma leitura dos acontecimentos da semana passada me parece pertinente ela argumentou que não se tratou de um erro operacional mas de um projeto né um projeto que segundo analistas e aí poderíamos citar entre eles o Vinícius Jorge.


(Roberto) E aí basta lembrarmos de dados que foram analisados a partir de conversas e grupos de WhatsApp que mostram que cerca de 45% das pessoas no país e no Rio de Janeiro apoiam a operação e consideram que ela foi bem sucedida. É um número assustador porque ele revela uma disposição crescente da sociedade em apoiar políticas de extermínio contra grupos específicos e determinados setores. Especialmente a direita do espectro político está de olhos postos nesses dividendos eleitorais. Então, por fim, cabe pontuar que não é coincidência, não é improviso, não estamos falando de excessos ou de falhas pontuais. 


(Roberto) O que vemos, o que vimos e que é recorrente na história do nosso país, em especial na história do Rio de Janeiro, é uma escolha deliberadamente política. E enquanto houver quem considere essas mortes um preço aceitável ou mesmo resultado desejável para essas operações seguiremos como temos visto ao longo das últimas décadas. 


(Roberto) Reencenando o mesmo ciclo de operações que são espetaculares, de manchetes triunfantes, de números frios que são apresentados e mães negras enterrando os seus filhos. Essa, acredito, é uma disputa que precisamos fazer. 


(Osmam) Muito obrigado pela participação, Roberto. Você trouxe pontos importantes para a reflexão da sociedade sobre a operação no Rio de Janeiro. E esse foi o Fala SINTET-UFU dessa semana. Ótimo dia a todas e todos e até o próximo programa.




 
 
 

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