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Fala SINTET-UFU | 31 de janeiro de 2024 | Dia Nacional da Visibilidade Trans

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 31 de janeiro de 2024

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre o Dia da Visibilidade Trans. Sintonize suas lutas.

Há duas décadas, um marco significativo foi estabelecido na história da comunidade trans e travesti: o Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro. Este ano comemoramos não apenas a passagem do tempo, mas também as batalhas travadas, as conquistas alcançadas e refletimos o quanto há para avançar. São 20 anos de uma luta determinada e corajosa pelo direito fundamental de existir, de reivindicar trabalho digno, acesso à educação, saúde e segurança, além do respeito inalienável à vida trans. 

Apesar dos avanços, é preciso reconhecer os desafios persistentes que a comunidade trans ainda enfrenta diariamente. E pra conversar com a gente hoje sobre o dia da visibilidade trans eu convido Lídia Alves, que é membra da Coletiva Lacraia e que vai se apresentar melhor pra gente.

Seja bem-vinda, Lídia.

(Lídia) Olá, eu sou Lídia Alves, sou graduada e mestre em música pela Universidade Federal de Uberlândia e atualmente eu sou flautista na Banda Sinfônica Municipal e professora de música na Rede Municipal de Ensino da Cidade. Eu também sou membra da Coletiva Lacraia, que é um grupo de meninas trans e travestis graduandas, pós-graduandas e egressas da UFU, e sou militante do movimento político pela Reconstrução Revolucionária do Partido Comunista Brasileiro. Agradeço muito ao SINTET-UFU pelo convite e pelo espaço.

Bem, para começar, nesse mês da visibilidade trans, é essencial que a gente fale sobre um dos principais retrocessos que estamos vivendo hoje, enquanto população trans no Brasil, ou seja, a nova carteira de identidade. Esse é um dos principais sintomas do recuo do governo Lula Alckmin, enquanto a promoção dos direitos para a população T, junto, por exemplo, com a falta de cotas para pessoas trans e travestis no Concurso Público Nacional Unificado. É importante que a gente admita que não estamos vivendo apenas recuos ou descumprimentos de promessas desse governo, mas que são verdadeiros ataques e um aprofundamento da transfobia institucionalizada no país.

No caso do novo modelo da carteira de identidade, o que acontece é que o campo sexo será adicionado e o campo nome civil será obrigatoriamente apresentado acima do nome social, numa situação que é violenta por si só, mas que também abre brechas para diversos constrangimentos e violências, seja nos locais de trabalho, de lazer de convivência, já tão negados a pessoas trans e travestis que, por diversos motivos, não retificaram seus documentos. Isso descumpre o acordo firmado com o Ministério dos Direitos Humanos e com diversas entidades. Comunidades LGBTs e os próprios grupos de trabalho do governo que optaram pela retirada do campo sexo e a unificação de nome civil e nome social. É um absurdo que um direito mínimo e viável no atual contexto seja banalizado dessa forma, enquanto ontem, na noite do dia da visibilidade trans e travesti, o Palácio do Planalto foi iluminado com as cores da bandeira trans, em uma suposta de homenagem a nós. Esse tipo de representatividade vazia só evidencia o quanto nossas reivindicações continuam sendo rifadas, mesmo no governo dito progressista, o social democrata. Esse tipo de política que nos utiliza, que nos usa apenas como estratégia de marketing, não é interessante para nós e a gente precisa entender que a única forma de fazer avançar os direitos é a organização da população trans e travesti em torno de um programa político inegociável e independente dos acordos com a direita.

Eu espero bastante que ao longo desse ano os sindicatos, os movimentos sociais e os partidos de esquerda sejam consequentes com a gente e reivindiquem a revogação desse RG transfóbico. É isso, sigamos em luta.

(Raissa) Lídia, muito obrigada pela contribuição. Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!

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