Por Raissa Dantas
A primeira mesa do Seminário de Aposentados, Aposentadas e Pensionistas de 2018 teve como convidada a profa. Dra. Elenita Pinheiro, da Faculdade de Educação da UFU, que tratou sobre “A melhor idade e a sexualidade”.
Elenita iniciou a explanação com a reflexão sobre como o envelhecimento não é igual pra todo mundo, especialmente para homens e mulheres, como causa do modelo social que temos e que exige, culturalmente falando, que mulheres sejam eternamente jovens. A professora aponta como só é permitido envelhecer aqueles e aquelas que podem viver muito e que isso, consequentemente, traz impactos no corpo físico.
“O modo como passamos a viver nossos desejos e os desejos sexuais refletem diretamente como vamos passar a viver a sexualidade. O que vocês escutam sobre velho e sexualidade? ‘você já era, descendo o morro, vai cuidar dos netos, vai pegar o rosário’. E com essas frases estamos dizendo que pessoas idosas não vivem a sexualidade, que pessoas idosas não expressam a sexualidade. No lugar da vivência e da expressão da sexualidade, tentam impor a idosos e idosas outras tarefas. Estamos dizendo, com a sociedade e o padrão de beleza que perdemos a potência do desejo de vida sexual. Isso é muito violento e não reflete a verdadeira experiência do envelhecimento, que permanece presente desejo, prazeres e sexualidade”, frisou Elenita, que construiu o debate com muito diálogo e trocas com todas e todos presentes.
A docente apontou que consequências problemáticas dessa cultura violenta com idosas e idosos são altos índices de baixa auto estima, depressão, isolamento e a eliminação da vida. “A sexualidade é a expressão do humano, é a forma como lidamos com nosso desejo, nosso prazer, nosso corpo. Tentam isolar a sexualidade à juventude, então vivemos um processo social de repressão da expressão da sexualidade. Não precisamos viver isso, isso é matar algo da expressão humana. Precisamos viver nossa sexualidade em sua potência” afirmou a convidada.
Foram tratadas questões envolvendo a saúde de idosos e idosas, que hoje apresentam, enquanto população, como índices elevados de incidência de HIV e violência sexual contra pessoas idosas, e como é fundamental pensar em saúde pública e terceira idade saindo do espectro hipertensão, diabetes e afins e compreendendo que sexualidade e sexo. Efetivamente, esses elementos são parte integrante dessa fase da vida e precisam ser olhados e encarados como um investimento para as políticas de estado, sobre saúde sexual e idosos/idosas.
Elenita Pinheiro destacou a importância da descoberta de outras formas de vivência da sexualidade. “Do afeto, como descobrir o desejo e viver o corpo consigo mesmo e com a outra pessoa, não pode ser eliminada por regras e valores que nos tornam infelizes”. A professora, que tem como objeto de estudo questões de gênero e sexualidade, ressaltou que viver a experiência de ser integralmente feliz, entendendo a sexualidade como parte integrante dessa vivência, é elemento central pra saúde física e mental de todas e todos, inclusive de idosos e idosas, que podem e devem entender a sexualidade como elemento de suas vidas presentes.
Ao final da explanação diversas aposentadas, aposentados e pensionistas fizeram falas e levaram acúmulos pessoais sobre o tema, que foi debatido entre todas e todos. A mesa foi muito elogiada a convidada se dispôs a estar em outros espaços construídos pelo SINTET-UFU, para grata satisfação de todas e todos presentes.
A cobertura fotográfica completa está disponível em www.facebook.com/sintet.ufu
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