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Fala SINTET-UFU | 23 de agosto de 2023 | Gestão e responsabilidade: Saúde Pública em Uberlândia

PROGRAMA FM UNIVERSITÁRIA – 23 de agosto de 2023

(Raissa) Olá, companheiras e companheiros, aqui é Raissa Dantas e nesse Fala SINTET-UFU a gente conversa sobre a gestão da saúde pública de Uberlândia.

Nas últimas semanas o Hospital de Clínicas tem figurado manchetes em diversas reportagens locais, seja em jornais, rádio ou televisão. As fragilidades e problemas enfrentados no cotidiano de trabalho do HC-UFU têm sido levados ao público de maneira superficial, se tornando objeto de avaliação e duras críticas, em especial vindas dos gestores da saúde do município. 

É preciso olhar além do raso, aprofundar no diagnóstico da estrutura da saúde pública de Uberlândia, compreender as instâncias e responsabilidades de cada órgão público e contribuir para a luta em defesa do SUS. Neste sentido, convidamos Sebastião Elias da Silveira, que é enfermeiro no Hospital de Clínicas, especialista em gestão hospitalar do SUS e doutor em ciências, para comentar o que tem acontecido com a gestão pública da saúde de Uberlândia. Em seu currículo, Sebastião carrega, ainda, experiências prévias como Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Saúde; Secretário Municipal de Saúde Interino e o primeiro Presidente da Fundação Saúde do Município de Uberlândia – a FUNDASUS.

Seja bem-vindo, Tião.

(Sebastião)  Saudações aos ouvintes do Fala SINTET-UFU. Eu quero agradecer pela oportunidade e quero dizer que o nosso Hospital de Clínicas ele é um dos pontos de atenção à saúde dentro do Sistema Único de Saúde que é um sistema organizado em rede e que esses conceitos de sistema e de rede, eles não ocorrem por acaso. Sistema pra dizer que todas as funções dentro do SUS elas são muito bem definidas legalmente e em rede pra dizer que são pontos que são interligados e que quando uma coisa vai bem em um ponto de atenção repercute nos demais quando as coisas vão mal em um ponto de atenção, em uma unidade, isso também repercute nos demais. Então o hospital de clínicas é um ponto dentro dessa rede, um hospital de alta complexidade, referência pra quase três milhões de pessoas tem uma dupla vocação. A prioritária é o ensino, a pesquisa, mas ele também faz uma dimensão que é a assistencial. E isso é pactuado com a região e com os gestores regionais e dentro dessas funções que são bem definidas cabe aos municípios e por consequência aos gestores prestar assistência integral a sua população. No caso dos municípios menores que não tem a densidade tecnológica suficiente pra ofertar diretamente o cuidado precisam se articular em consórcios ou comissões muitas vezes mediadas pelo governo do estado pra definir onde a sua população vai ser atendida, como vai ser feito o custeio e qual que é o fluxo desse atendimento. Cidades maiores como é o caso de Uberlândia, é compreendido que ela tem condições de com a sua própria rede prestar esse atendimento integral. O que acontece e que gera o sufocamento do Hospital de Clínicas hoje no meu entendimento é que nós temos vazios de assistência na região. Por exemplo, a região tem algum serviço importante em Araguari, Monte Carmelo, Ituiutaba, outros serviços que acabam assumindo parte da demanda, mas a região é muito grande e não tem um hospital regional. O governo do estado mantém de vinte hospitais coordenados pela FEMIG gasta vinte e cinco por cento no seu orçamento em saúde com hospitais mas nenhum desses hospitais está no Triângulo Mineiro está em Uberlândia o mais próximo está em Patos de Minas por que que Uberlândia não tem um hospital regional? Isso ajudaria nessa demanda da mesma forma o município de Uberlândia que sobrecarrega enormemente o Hospital de Clínicas com as suas demandas. Por quê? Porque ele não tem uma atenção primária resolutiva. Né? Ele não tem cem por cento de cobertura de saúde da família por exemplo ele apresenta unidades de atenção primária num modelo convencional que não tem a mesma resolução. E a cidade optou por não ter uma rede de urgência e emergência bem estruturada a cidade não tem as UPAs, a cidade optou por não ter o SAMU e as UAIs que são importantíssimas servem como pronto atendimento mas não tem a retaguarda necessária pra conter a demanda da urgência e emergência. Então todas essas falhas né? E o hospital municipal que é um hospital inaugurado há mais de dez anos né? Num outro contexto ele também não atende essa alta complexidade e não é um hospital de porta aberta pra ajudar nessa demanda. Então todos esses déficits da região e da cidade de Uberlândia recai sobre o Hospital de Clínicas que acaba comprometendo a sua vocação de ensino, acaba comprometendo a sua vocação de assistência pra alta complexidade o hospital não tendo fluxo também tem uma pressão reversa né? Sobre a própria rede. Então no meu entendimento as autoridades deviam passar dessa postura de autodefesa e de acusação dos outros entes pra uma postura de autocrítica cada gestor que seja da EBSERH seja dos gestores municipais fazendo uma autocrítica do que precisa ser melhorado no seu âmbito de deliberação e apresentar pra sociedade ações mais prospectivas no sentido de superar essas dificuldades e fazer o Sistema Único de Saúde funcionar na sua integralidade com mais qualidade, tá bom? Então muito obrigado pela oportunidade.

(Raissa) Nós agradecemos muito sua participação, Tião. Esse foi o FALA SINTET-UFU dessa semana! Você pode conferir mais informações em nosso site e em nossas redes sociais. Ótima semana a todas e todos e até o próximo programa!


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