Personalidade do mês de outubro: Joana Pires Batista

Por: Lucas Ribeiro – Jornalista

 

 

Com um sorriso no rosto e muita vontade de ajudar: Foi assim que Joana Pires Batista começou seu trabalho na Associação dos Deficiente Visuais de Uberlândia (Adeviudi), onde atualmente é diretora-presidente – cargo que ocupa desde 2016 – mas sua história na associação começou como frequentadora.

Natural de Cáceres, Mato Grosso, Joana nasceu com baixa visão e descobriu sua deficiência com 7 anos de idade. Embora soubesse que enxergava apenas vultos, não aceitava a deficiência – que também era do conhecimento de toda a família. Ainda com as dificuldades de visão, Joana teve uma infância saudável ao lado dos irmãos: “eu me machucava muito. Para mim eu era desastrada. Todo mundo que tem deficiência visual as pessoas acham que é desastrado porque bate muito [nos lugares], quebra muitas coisas. Mas a minha infância, graças a Deus, foi muito saudável”, conta Joana.

Por recomendação de um oftalmologista, ela chegou à associação começando nas aulas de convivência, depois aprendeu a fazer tapetes e participou das aulas de informática. Joana concluiu os estudos por meio do sistema de Educação para Jovens e Adultos (EJA) e se formou no curso de Massoterapia, todos na Adeviudi.

Joana enfrentou preconceitos por toda sua vida e seguiu com o propósito de ajudar o próximo: “Eu sempre gostei de ajudar outras pessoas, toda a vida. E aqui na Adeviudi é o lugar. Se você gosta de ajudar, aqui é onde você pode agregar aquela ajuda”, diz ela sobre a associação, onde ela juntamente com os demais voluntários mudam a vida de quem chega até lá: “Eu amo fazer  um projeto e ver ele se realizar. Adoro ver os associados felizes. Quando eles estão felizes, eu sou feliz também”, conclui.

Sua candidatura à presidência da associação aconteceu de forma inusitada: depois de ouvir de um homem que “mulher só serve pra pilotar fogão e ficar com o umbigo no tanque”, Joana respondeu para o sujeito que iria se candidatar, vencer e que ele teria de engolir a presença dela. Dito e feito! Ela venceu as eleições e têm feito um grande trabalho na Adeviudi. Sua história é um exemplo da força de muitas mulheres com deficiência que seguem conquistando seu espaço e buscando por igualdade. E ela deixa um recado para quem quiser ajudar a associação a continuar mudando vidas como a dela e de demais pessoas com deficiência: “você ajuda com um sorriso, com um abraço, um aperto de mão, um trabalho. O dinheiro não é tudo.

Você fazer uma pessoa feliz é muito melhor do que você ser feliz. É muito mais gratificante. Eu prefiro isso porque o outro sendo feliz, eu sou feliz também”.

29 de outubro de 2020