Deputado Marchezan Jr. taxou de vagabundos servidores públicos em reunião da CCJC na Câmara dos Deputados

CCJC -

Nesta manhã, 09, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, na votação pela retirada de pauta da PEC 241/16 que institui o novo regime fiscal prejudicando servidores públicos, o parlamentar Nelson Marchezan (PSDB/RS) taxou de vagabundos os trabalhadores do funcionalismo público presentes no plenário.

Em reunião extraordinário iniciada às 9h, no Plenário 1 do Anexo II da Câmara, servidores públicos se manifestavam pela aprovação do requerimento para retirada da PEC 241/16 da pauta. Neste momento, o deputado Marchezan se revelou contrário à manifestação e afirmou que “quem é mais vagabundo e trabalha menos, consegue botar mais gente aqui”, se referindo aos servidores públicos. Em tom de provocação solicitou ao presidente da comissão, Osmar Serraglio (PMDB/PR), a retirada dos trabalhadores do plenário.

As deputadas Érika Kokay (PT/DF) e Maria do Rosário (PT/RS) denunciaram a falta de respeito do deputado em plenário ao presidente da comissão, “o senhor presidente não pode escutar outro parlamentar chamar os outros de vagabundo e não fazer nada”. Neste momento, enquanto o presidente lia o artigo do regimento sobre ordem, Marchezan afirmou em resposta às deputadas, que não seria o presidente a definir o que poderia dizer, “não é a vossa excelência que vai dizer o que posso ou não posso”.

Marchezan também disse aos presentes que podia adjetivar os servidores públicos, “eu posso sim adjetivar, eu tenho direito a palavra de adjetivar, eu conquistei na urna sim e vou continuar meu raciocínio”. Também disse aos presentes, “mande aqueles que não querem trabalhar fazer um biscate em outro lugar, não aqui na Câmara”.

Divulgao Marchezan Jr. web

Em seguida o presidente encerrou a votação. Foram quatro votos a favor da retirada do projeto da pauta, 32 contra e uma abstenção.

Maria do Rosária pediu intervenção em defesa dos trabalhadores, solicitando a retirada das palavras do deputado da ata da reunião. Neste momento, Marchezan disse, “eu reitero, vagabundos que vieram aqui perturbar os trabalhos da casa”.

Nesta semana servidores públicos de todo país, inclusive trabalhadores técnico-administrativos e coordenadores da FASUBRA Sindical estão em vigília no Congresso Nacional, na luta contra a aprovação de projetos de lei que retiram direitos do funcionalismo público e do trabalhador brasileiro (PLP 257/16, PEC 241/16e PL4567/16).

Segundo a Federação, a reação dos trabalhadores foi de perplexidade e repúdio pela fala do deputado, remunerado com o dinheiro dos impostos e do trabalho coletivo da sociedade. Demonstra o pensamento da camada elitista e conservadora de direita da Câmara Federal, acerca do serviço público. “A atitude do parlamentar contra servidores públicos que dedicam suas vidas – como na FASUBRA há mais de 35 anos servindo bem a comunidade e cumprindo o papel social, que o governo muitas vezes deixa de fazer – tem viés político e social de que o serviço público deve ser liquidado, para garantir o domínio individual e de família daqueles que detém as grandes fortunas do país”.

A Federação considera a atitude desrespeitosa à classe dos servidores públicos e não só aos trabalhadores da FASUBRA.  A Direção da Federação vai fazer uma denúncia por falta de decoro parlamentar, “porque ele ofendeu drasticamente a classe trabalhadora publicamente, desqualificando de forma preconceituosa. Estamos resistindo há 37 anos e continuaremos ocupando todos os espaços de disputa política do país, principalmente nas comissões, na casa do povo que é a Câmara”.

A FASUBRA entende que este é o reflexo da conjuntura política do país, configurado pelos ataques aos que ainda levantam a bandeira do socialismo, das conquistas dos trabalhadores e querem um país social com menos injustiça.

 

Assessoria de Comunicação FASUBRA Sindical

10 de agosto de 2016